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Für Anna,
“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.”
Otto Von Bismarck
Às 5h, Ethel já estava preparando o mingau de aveia na cozinha. Pela janela, conseguia perceber alguns raios de sol brotando através da névoa. Um corvo teimava em se mostrar presente no alto da nogueira e, fora o grito do pássaro, o silêncio a preocupava. O silêncio que os mortos faziam era ensurdecedor. A cada dia que passava, se contavam mais mortos. Eram tantos, e cada vez mais próximos, que era difícil evitar esse pensamento. A cada amanhecer uma nova sepultura se abria na cidade. O filho de alguém, o marido de uma, o pai de outra, o irmão, o vizinho, e a população se resumia a cada dia a mulheres, velhos bem velhos, crianças bem pequenas e alguns soldados prisioneiros. As vacas não se viam mais, os melhores cavalos foram tomados e mal se avistavam corsas e lebres que costumavam a saltitar perto do jardim no outono. Desejava, profundamente, beber um café de verdade uma vez mais, talvez morresse amanhã e seria lamentável nunca mais poder sorver uma xícara de café quente. Sabia que não podia reclamar, ela e o menino ainda tinham o que comer. Precisava cuidar do curativo de Franz. Buscava retalhos de pano pela casa. Ele ainda tinha um pouco de febre. Estava magro, debilitado e abatido. Não conseguia sorrir. Estava ausente ali. Quando Ethel reconheceu o marido caminhando devagar pela beira do rio em direção à casa, correu para ele até ficar sem fôlego. Estavam salvos! Precisava urgente desse abraço confiável, da força das suas mãos, do calor do seu corpo. Correu e correu muito. Gritava seu nome e chorava compulsivamente o que dificultava a respiração. Franz!!!! Quando ele a viu, ficou paralisado, com uma pequena mochila pendendo ao lado direito do corpo, com o uniforme todo sujo e amarfanhado. Pensou que não seria bom ser visto daquele jeito e tentou virar o rosto. Mas, ele foi reconhecido. Franz!!! Ethel vinha gritando e corria como um filhote de coelho no pasto. Franz! Ele foi abraçado, muito abraçado. Ethel chorava muito agora. Não lhe ocorria nada para dizer a ela. O que ele poderia dizer. Não tinha forças para dizer nada. Ethel o abraçou e parecia compreender o vazio que ele trazia naquela mochila. O silêncio dos mortos. Os gritos, as dores, as doenças, tudo aquilo o acompanhavam e Ethel sabia. Só abraçava e ajudava o marido a voltar para casa. Ele sentou-se na poltrona que um dia havia sido sua e olhou para as paredes tentando resgatar o que havia sido seu. Os olhares do filho e da esposa eram inquisidores. Ele evitava os olhares e adormecia. E assim passaram dez dias vazios. Dormindo, se alimentando e adormecendo de novo. Ethel e o menino trabalhavam cuidando do campo e dos animais que, agora, se resumiam a um cavalo velho, uma família pequena de porcos e algumas galinhas. Plantavam batatas, cenouras e hortaliças para a própria subsistência, mas a terra estava ressentida e mal conseguiam sobreviver com o pouco que cultivavam. Não sobrava quase nada para vender. Ainda tinham chucrute do último inverno e foram obrigados a vender todo repolho para comprar farinha. Esse foi o legado de Franz para a família, pensou quando foi surpreendido com a ordem de Berlim para ingressar na infantaria. Mal ouvira falar sobre aqueles movimentos nacionalistas crescentes, vivia em paz cultivando a nova terra com a nova família. Não acreditava naqueles discursos estranhos e sonhava com o capital e o produto da terra dividido justamente, como todos os camponeses que conhecia. Estavam prendendo comunistas por aí e Franz teve medo.
Ethel se dedicava a recuperar a saúde e a disposição do marido que tanto lamentava. Sentia falta da presença masculina na casa. O trabalho era pesado e o rapaz era jovem demais para suportar uma rotina tão árdua. Sentia saudade do marido e de tudo que significava ter um marido. Agora, mal reconhecia aquele estranho sentado ali naquela poltrona. Ele não falava, não demonstrava nada. O menino se ressentia e começou a temer aquele ser estranho. A noite era um pesadelo onde se ouviam gritos e choros, havia um pai naquela casa que o fazia sentir-se mais desprotegido. Ele mal reconhecia aquele homem. Crescia sozinho entre batatas, porcos e uma mulher amargurada e sozinha. No domingo anterior à chegada do estranho, ele vinha de carroça da feira, com o que havia sobrado das vendas. A carroça não estava pesada, mas o cavalo já estava cansado, vinham muito devagar. Ao contornar a igreja e atravessar o campo do velho Hanz, dois aviões aliados voando muito baixo passaram em direção à ferrovia e, quem sabe por engano, o campo em que estavam. O menino, em pânico, escorregou para baixo da carroça até que os aviões desistissem dele e do velho cavalo. Não havia tempo para se refugiar na floresta. Quando se fez silêncio de novo, procurou acalmar o cavalo e olhou o entorno esburacado e esquecido. Haviam esquecido dele também, e começou a chorar. Ele tinha onze anos. E não entendia nada. Não sabia o que era uma guerra e não sabia porque alguns meninos foram obrigados a sair de suas casas. Não entendia porque todo dia na escola, antes da escola fechar, era obrigado a saudar com o braço direito esticado e com o rosto muito sério, um homem com cara de mau no retrato. Não entendia porque seu pai foi embora e porque ele e sua mãe trabalhavam tanto, todo o dia sozinhos. A cidade estava diferente, todos pareciam assustados e a escassez assombrava a todos; sem exceção.
Não havia tempo para ser jovem naqueles tempos. Não havia tempo para ter amigos. A sobrevivência exigia o isolamento e o trabalho. Os rapazes que não tinham um campo para semear foram chamados, assim como alguns moradores idosos das cidades, todos precisavam contribuir, seja no campo, seja nas indústrias e, principalmente, na frente dos combates. Ethel sabia que seu filho precisava trabalhar todos os dias na lavoura se quisesse permanecer vivo ao seu lado. Não tinha a menor pena de ver o menino trabalhando com sol, com chuva ou até com neve, vendo as mãos sangrarem com o peso das ferramentas. Isso o mantinha vivo, alimentado, saudável. Ele precisava sobreviver. O que poderia ser pior do que isso?
Passadas duas semanas, o marido de Ethel já caminhava pelo jardim e ajudava dentro de casa, cozinhava, lavava enquanto ela e o menino seguiam sozinhos no meio do campo e na feira aos sábados. Mais um bombardeio na ferrovia, desta vez, noturno e os trens já não apitavam por lá. Ethel agradecia a Deus por não haver bombas na plantação. A cada ruído de motor ela começava a rezar, com medo de ver todo trabalho incinerado e a fome se instalar de vez naquela casa. Ela providenciava conservas de tudo o que podia, com medo das bombas. Tudo que crescia era colhido e o que não era levado à feira era transformado em conserva. Escondia os porcos e as galinhas durante o dia com medo de que fossem tomados. O pesadelo da fome e da escassez era insuportável.
E nessa rotina de trabalho e dor, o marido de Ethel amanhece numa segunda feira calado e uniformizado. O uniforme estava limpo e o rosto barbeado. A lua ainda brilhava redonda e linda lá fora. Ela observa o céu através do vidro da janela e vira o rosto em direção ao marido:
– O que houve? Onde você vai?!
– Preciso voltar Ethel…
– O quê? Você mal pode caminhar! Então, fique e nos ajude aqui. O que você pensa que está fazendo???
– Se eu ficar, eles vêm aqui me matar e não quero imaginar o que aconteceria com vocês. A essas alturas, todos na cidade já sabem que estou em casa. Preciso ir. Desculpa.
Uma granada parecia ter arrebentado dentro da cabeça de Ethel.
Ela não conseguia chorar, gritar ou reagir. Sentou-se na beirada da cama, de avental, com o aroma do mingau ainda perfumando seus dedos. O menino ainda dormia e o sol estava a cada dia mais quente e surgiria mais cedo. Aquilo parecia não ter mais fim.
O corpo doía e sentia um aperto grande no peito. Aquela despedida não era boa.
– E se você não voltar?
O marido de Ethel pegou a pequena mochila e se dirigiu ao quarto do menino, beijou sua testa e saiu, devagar pela porta. Buscou Ethel no quarto do casal e pegou em sua mão:
– Vamos! Eu quero que você me acompanhe até o rio.
Ethel olhou dentro dos seus olhos, pela primeira vez, desde o seu retorno, e disse:
– Desculpa, mas preciso trabalhar. Fique bem e se cuide. Estaremos aqui esperando por você.
Foi a última vez que viu seu marido, foi a última vez que o menino recebeu um beijo do seu pai. E o dia transcorreu como todos os outros, e a lua voltou a brilhar nos campos naquela mesma noite.
Então, os tanques russos chegariam e, com eles, a humanidade, iludida, voltaria respirar sem sustos.
– TODOS DIREITOS RESERVADOS –
DER MOND*
Für Anna
“Es wird niemals so viel gelogen wie vor der Wahl, während des Krieges, nach der Jagd.”
Otto von Bismarck
Um 5:00 Uhr richtete Ethel schon den Haferbrei in der Küche an. Vom Fenster aus gewahrte sie schon einige Sonnenstrahlen, die dem Nebel entsprossen. Hoch oben auf dem Nussbaum machte ein Rabe beharrlich auf sich aufmerksam. Abgesehen von seinem Krächzen, erfüllte das Schweigen sie mit Besorgnis. Das Schweigen der Toten war ohrenbetäubend. Jeden Tag gab es weitere Tote. Es waren ihre so viele, und sie standen ihr immer näher, das es schwer fiel, nicht an sie zu denken. Bei jedem Tagesanbruch wurde ein neues Grab in der Stadt ausgehoben. Der Sohn des einen, der Mann einer Frau, der Vater einer anderen, der Bruder, der Nachbar, und die Bevölkerung schrumpfte von Tag zu Tag auf Frauen, sehr bejahrte alte Menschen, sehr kleine Kinder und einige kriegsgefangene Soldaten. Kühe waren nicht mehr zu sehen, die besten Pferde wurden weggetrieben, kaum sah man Rehe und Hasen, die sich in der Nähe des herbstlichen Gartens zu tummeln pflegten. Ethel verspürte einen tiefen Wunsch, noch einmal einen richtigen Kaffee zu trinken, vielleicht würde sie morgen sterben, dann wäre es bedauerlich, nie mehr eine Tasse heißen Kaffees zu schlürfen. Sie wusste, dass sie sich nicht beklagen konnte, sie und der Junge hatten noch zu essen. Sie musste sich um dem Verband von Franz kümmern. Sie suchte nach Stoffresten im Haus. Er hatte noch ein wenig Fieber. Mager, geschwächt und niedergeschlagen war er. Er konnte nicht lächeln. Er war abwesend. Als Ethel ihren Mann erkannte, wie er gemächlich am Flussufer in Richtung des Hauses ging, rannte sie zu ihm, bis sie außer Atem war. Sie waren gerettet! Sie brauchte dringend diese verlässliche Umarmung, die Kraft seiner Hände, die Wärme seines Körpers. Sie rannte, sie rannte mit allen Kräften. Sie rief seinen Namen und weinte hemmungslos, was ihr das Atmen erschwerte. Franz!!!! Als er sie sah, war er wie gelähmt, mit einem kleinen Rucksack auf der rechten Seite des Körpers, in der durch und durch schmutzigen und zerknitterten Uniform. Er dachte, dass es nicht gut sei, so wahrgenommen zu werden und versuchte, wegzuschauen. Er wurde jedoch erkannt. Franz!!! Ethel näherte sich schreiend und rannte wie ein Junghase auf der Wiese. Jetzt weinte sie sehr. Was sollte er ihr sagen? Nichts fiel ihm ein. Was sollte er schon sagen? Er hatte nicht die Kraft, etwas zu sagen. Ethel umarmte ihn und schien die Leere, die er in diesem Rucksack mitbrachte, zu verstehen. Das Schweigen der Toten. Die Schreie, die Schmerzen, all das begleitete ihn, und Ethel wusste es. Er ließ sich im Sessel, der ihm einst gehört hatte, nieder und schaute auf die Wände, bemüht, wieder in Besitz zu nehmen was ihm schon gehört hatte. Die Blicke des Sohns und der Frau durchbohrten ihn. Er mied sie und schlief ein. Und so vergingen zehn leere Tage. Schlafend, sich ernährend und wieder einschlafend. Ethel und der Junge arbeiteten, bestellten das Feld und kümmerten sich um die Tiere, die sich jetzt auf ein altes Pferd, eine kleine Schweinefamilie und einige Hühner beschränkte. Sie bauten Kartoffeln, Karotten und Gemüse an, um ihr Leben zu fristen, aber der Boden war ausgemergelt und sie konnten kaum von der mageren Ernte leben. Fast nichts verblieb zum Verkauf. Sie hatten noch Kohl vom letzten Winter und sahen sich gezwungen, alles zu verkaufen, um Mehl zu bekommen. Das war meine Hinterlassenschaft für die Familie, dachte Franz, als er zu seiner Überraschung einen Befehl aus Berlin zum Eintritt in die Infanterie erhielt. Er hatte kaum etwas über diese wachsenden nationalistischen Bewegungen gehört, war ein friedliebender Mensch und bebaute das neue Land zusammen mit der neuen Familie. Er glaubte nicht an diese seltsamen Reden und träumte von der gerechten Verteilung des Kapitals und der Früchte der Erde, wie alle ihm bekannten Bauern. Im Land wurden Kommunisten verhaftet, Franz bekam es mit der Angst zu tun.
Ethel widmete sich der Wiederherstellung der Gesundheit und des Wohlbefindens ihres Mannes, der so klagte. Die Arbeit war beschwerlich und der Sohn war zu jung, um ein so hartes Leben zu ertragen. Ethel empfand Sehnsucht nach dem Mann und nach all dem, was es bedeutet, einen Mann zu haben. Jetzt konnte sie diesen Fremden, der im Sessel saß, kaum wiedererkennen. Er sagte nichts, ließ sich nichts anmerken. Der Junge litt darunter und fing an, dieses fremde Wesen zu fürchten. Die Nacht war ein Albtraum, in dem er Schreie und Weinen hörte, ein Vater war in diesem Haus, der sein Gefühl der Schutzlosigkeit noch verstärkte. Er konnte diesen Mann fast nicht wiedererkennen. Einsam wuchs er unter Kartoffeln, Schweinen und einer vergrämten und einsamen Frau auf. Am Sonntag vor der Ankunft des Fremden war er mit dem Wagen vom Markt zurückgekehrt, mit dem, was vom Verkauf übrig geblieben war. Der Wagen war nicht schwer bepackt, aber das Pferd war schon müde, sie bewegten sich ganz langsam fort. Als er einen Bogen um die Kirche schlug und das Feld des alten Hans durchquerte, kamen zwei Flugzeuge der Alliierten im Tiefflug vorbei. Sie flogen in Richtung der Bahngleise und vielleicht auch in Richtung des Feldes, auf dem der Junge sich befand. In panischer Angst rutschte er unter den Wagen und blieb dort, bis die Flugzeuge von ihm und der Mähre abließen. Er hatte keine Zeit, um Zuflucht im Wald zu suchen. Als es wieder still wurde, versuchte er, das Pferd zu beruhigen und warf einen Blick auf die seine vergessene Umgebung voller Löcher. Auch er war vergessen worden, und er begann zu weinen. Er war elf Jahre alt. Und er verstand nichts. Er wusste nicht, was ein Krieg ist, und er wusste auch nicht, warum einige Jungen gezwungen wurden, ihre Häuser zu verlassen. Er verstand nicht, warum er jeden Tag in der Schule mit ausgestrecktem rechten Arm und sehr ernstem Gesicht das Bild eines Mannes mit bösem Gesicht grüßen musste. Er verstand nicht, warum sein Vater weggegangen war und warum er und seine Mutter so viel arbeiteten, jeden Tag allein. Die Stadt war verändert, alle schienen verängstigt zu sein und die Knappheit erfüllte sie alle mit Schrecken, ausnahmslos.
In diesen Zeiten verblieb keine Zeit, um jung zu bleiben. Es blieb keine Zeit frei, um Freunde zu haben. Das Überleben erforderte Isolierung und Arbeit. Die Jungen, die keinen Acker besaßen, den sie bestellen konnten, wurden eingezogen, so wie einige alte Leute in den Städten, alle mussten einen Beitrag leisten, sei es auf dem Feld, sei es in den Fabrikbetrieben und vor allem an der Front. Ethel wusste, dass ihr Sohn jeden Tag auf dem Feld arbeiten musste, falls er an ihrer Seite überleben wollte. Sie empfand Mitleid, wenn sie dem Jungen zusah, wie er in der Sonne, im Regen oder sogar im Schnee arbeitete, wenn sie seine durch den Gebrauch der schweren Werkzeuge blutenden Hände sah. Das erhielt ihn am Leben, wohl ernährt und gesund. Er musste überleben. Was könnte schlimmer als dieses Leben sein?
Zwei Wochen später ging Ethels Mann schon im Garten herum und half im Haus aus, kochte, wusch die Wäsche, während sie und der Junge allein aufs Feld und am Samstag auf den Markt gingen. Wieder wurden die Bahngleise bombardiert, dieses Mal in der Nacht, und die Lokführer der vorbeifahrenden Züge stellten dort die Dampfpfeifen ab. Ethel dankte Gott, dass der Acker von den Bomben verschont blieb. Bei jedem Motorengeräusch begann sie zu beten, in Furcht vor der Einäscherung der Früchte ihrer Arbeit und vor der Hungersnot, die sie dann endgültig heimsuchen würde. Sie weckte ein, was sie konnte. Alles wurde geerntet, und was nicht auf den Markt ging, wurde eingeweckt. Tagsüber versteckte sie die Schweine und die Hühner, aus Angst, dass man sie ihr wegnehmen würde. Der Albtraum des Hungers und der Knappheit war unerträglich.
Und inmitten dieses ständigen Lebens in Arbeit und Schmerzen wacht Ethels Mann an einem Montag auf, schweigend und in Montur. Die Uniform war sauber, das Gesicht rasiert. Draußen leuchtete der Mond noch, rund und schön. Ethel blickt zum Himmel durch das Fensterglas und wendet dem Mann ihr Gesicht zu.
– Was ist passiert? Wohin gehst du?!
– Ich muss zurückkehren, Ethel…
– Was? Du kannst doch kaum gehen! Bleib’ also hier und hilf uns. Weißt du, was du da machst???
– Bleibe ich, kommen sie und legen mich um, und ich will mir nicht vorstellen, was dann mit euch geschähe. Inzwischen wissen alle in der Stadt, dass ich zuhause bin. Ich muss gehen. Entschuldige.
Eine Granate schien in Ethels Kopf explodiert zu sein.
Sie vermochte nicht zu weinen, zu schreien oder zu reagieren. Sie setzte sich auf die Bettkante, mit Schürtze, ihre Finger dufteten noch nach dem Brei. Der Junge schlief noch, die Sonne war von Tag zu Tag wärmer und ging immer früher auf. Es schien kein Ende damit zu nehmen.
Der Körper schmerzte, sie verspürte einen starken Druck in der Brust. Dieser Abschied war nicht gut.
– Und wenn du nicht zurückkehrst?
Ethels Mann nahm den kleinen Rucksack und ging in das Zimmer des Jungen, küsste seine Stirn und ging langsam durch die Türe hinaus. Er suchte Ethel in ihrem Schlafzimmer auf und ergriff ihre Hand:
– Los! Ich möchte, dass du mich bis zum Fluss begleitest.
Ethel sah ihm tief in die Augen, zum ersten Mal seit seiner Rückkehr, und sagte:
– Entschuldige, aber ich muss arbeiten. Lebe wohl und pass auf dich auf. Wir werden hier auf dich warten.
Dies war das letzte Mal, dass sie ihren Mann sah, das letzte Mal, dass der Junge einen Kuss von ihm bekam. Und der Tag verging wie alle anderen, und der Mond leuchtete wieder über den Feldern in dieser Nacht.
Dann würden die russischen Panzer kommen und würde die Menschheit, wie immer in Illusionen befangen, wieder ohne Schrecken atmen.
Deborah Almeida
*Tradução: Peter Naumann*
– ALLE RECHTE VORBEHALTEN –
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