Olhava de forma submissa para a lenha que crepitava na lareira.Ele estava ali, podia ouvir os passos pesados descendo muito rápido a escada. O som da voz se confundia com o ruído provocado pela brasa.
Na hipnose da chama a garganta seca sufocava. Uma dor nas entranhas fazia gemer. O útero dilatava. Os seios se contraíam rígidos. E o olhar, restava fixado na laje.
Fica aqui ao meu lado, querido. Procurou a mão, estendi. Sempre ficávamos assim, de mãos dadas. Olhando o nada. Na frente da lareira.
Um estoicismo se instalara naquele momento. Naquela eternidade de um instante, ele estava ali. Sentia a respiração agitada. Na claridade do fogo, os seus olhos.
O calor reverberava na pele. Não queria aquela rendição. Não tinha lágrimas, mas olhos vazios. Vinha sempre. As mãos, perto da lareira, buscavam aconchego de colo.
O conforto do carinho. Mais nó-de-pinho! Não pode morrer! A resina viscosa ia sendo expulsa pelo fogo. Mais resina, mais fogo. A madeira transformada em cinza. Achas e achas ateadas ao fogo. Tudo vira nada.
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